Com a temporada de chuvas mais fortes, motoristas voltam a questionar se o seguro do veículo paga consertos após alagamentos, enchentes, granizo ou queda de árvores. Especialistas consultados informam que a resposta depende do tipo de apólice contratada e do modo como o sinistro ocorreu.
O que costuma estar garantido
Segundo Rafael Albert, especialista da Asher Corretora, a cobertura contra fenômenos da natureza aparece, em regra, no seguro compreensivo. Esse formato, mais completo, inclui danos provocados por granizo, vendaval, furacão, raio e seus efeitos, além da submersão parcial ou total em água doce proveniente de enchentes ou inundações. A mesma apólice pode indenizar casos de queda acidental de objetos externos, como árvores ou estruturas, desde que esses objetos não façam parte do próprio automóvel.
Nem todo plano cobre alagamento
Pacotes restritos, voltados apenas a incêndio, roubo e furto, normalmente ficam de fora dessa proteção. “Se o cliente não contratou o seguro compreensivo ou uma cláusula específica para alagamento, não há amparo para perda parcial ou total”, reforça Albert.
Alagamento, enchente ou inundação: diferença pesa?
Para o advogado George de Farias, especialista em Direito do Consumidor, a distinção técnica entre esses termos não pode, por si só, justificar negativa de indenização. “Quando o contrato não define os conceitos, vale a interpretação mais favorável ao segurado”, explica. O Código de Defesa do Consumidor determina que cláusulas ambíguas sejam interpretadas em favor do cliente.
Agravamento de risco pode barrar pagamento
Se a perícia mostrar que o motorista tentou atravessar uma área já alagada, ocasionando um calço hidráulico, a seguradora pode alegar agravamento do risco. Nesse caso, o advogado lembra que cabe à empresa comprovar a conduta intencional para recusar o pagamento. O consumidor tem direito a laudo técnico e pode contestar a decisão.
Cláusulas controversas e atenção ao contrato
Exclusões genéricas ou termos técnicos pouco explicados ainda geram conflitos. De Farias aponta que, sem destaque visual ou linguagem clara, a cláusula pode ser considerada abusiva. Albert ressalta que as condições gerais seguem padrões de mercado, mas defende leitura cuidadosa antes de assinar.

Imagem: estes e pelo universo automotivo
Como reduzir problemas
Entre as recomendações estão evitar vias conhecidas por enchentes, não avançar em áreas inundadas, comunicar o sinistro imediatamente, preservar provas e aguardar a perícia antes de qualquer reparo. Para quem vive em regiões críticas ou enfrenta chuvas intensas com frequência, o corretor sugere contratar coberturas adicionais. Caso o seguro compreensivo não caiba no orçamento, ao menos a proteção para perda total ou danos causados por água pode garantir indenização em eventos mais severos.
As orientações dos especialistas convergem em um ponto: conhecer o contrato e os próprios direitos é a melhor forma de evitar transtornos quando o clima castiga.
Com informações de carros.ig.com.br