A Porsche decidiu colocar em espera o lançamento de um utilitário esportivo totalmente elétrico de alto padrão e postergou outros projetos a bateria. A alteração na rota, revelada por reportagem da Bloomberg, inclui a extensão de versões híbridas e a combustão de modelos como Cayenne e Panamera.
Margem distante do prometido
O ajuste acontece três anos depois de o Taycan ter ultrapassado o 911 em vendas, feito que alimentou a confiança da marca nos veículos elétricos. Hoje, porém, dificuldades com autonomia, falhas de software e forte desvalorização no mercado de usados derrubaram a procura. A Porsche projeta margem de apenas 2% para a linha elétrica em 2024, bem abaixo dos mais de 20% indicados no IPO de 2022.
Efeito dominó no segmento premium
A trajetória da Porsche não é isolada. A Mercedes-Benz lida com desempenho aquém do esperado do sedã elétrico EQS, que parte de 110 mil euros. Já a Audi perde espaço na China para concorrentes locais, como BYD e Xiaomi, que oferecem elétricos completos a preços mais baixos. A Maserati cancelou o desenvolvimento de um superesportivo a bateria citando falta de demanda.
Entraves além da tecnologia
Entre os principais obstáculos estão a infraestrutura de recarga limitada, problemas de software nos modelos iniciais e o menor apelo emocional dos elétricos. “Muitos clientes continuam apaixonados por motores V8 ou V12, pelo som e pela personalidade”, afirmou Tom Jaconelli, diretor da revenda britânica Romans International.
Estratégia flexível favorece BMW
A BMW mostra resultado melhor ao produzir versões a combustão, híbridas e elétricas na mesma linha de montagem: as entregas de veículos totalmente elétricos cresceram 16% no primeiro semestre. Mesmo assim, a empresa precisou conceder descontos nos topos de linha elétricos na Europa e vê queda na procura por versões a bateria do Série 5, X5 e Série 7 na China.

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Volta ao motor a combustão
Para contornar o desaquecimento, fabricantes retomam investimentos em motores térmicos, híbridos plug-in e edições especiais a combustão. A Ferrari, que prepara seu primeiro modelo 100% elétrico, promete preservar a experiência sensorial típica da marca.
O consultor Sam Livingstone, da Car Design Research, resume o desafio atual: criar desejo em um mercado onde, segundo ele, “tudo começa a soar parecido”.
Com informações de Notícias Automotivas