Um processo coletivo reunindo cerca de 1,6 milhão de proprietários de veículos começou a ser analisado nesta segunda-feira (13) no Tribunal Superior de Londres. Mercedes-Benz, Ford, Nissan, Renault e Stellantis são acusadas de manipular testes de emissões de motores a diesel para disfarçar a verdadeira quantidade de poluentes expelidos.
Os advogados dos autores afirmam que 20 modelos fabricados entre 2012 e 2017 teriam sido equipados com dispositivos ilegais capazes de reduzir a emissão de óxidos de nitrogênio (NOx) somente em condições de laboratório. Fora dos testes, o nível de NOx liberado chegaria a ser 12 vezes superior ao permitido pela legislação britânica.
Abalo potencial de bilhões
Se o tribunal confirmar a existência dos chamados “dispositivos manipuladores”, a decisão — prevista para 2026 — poderá influenciar outras 800 mil ações semelhantes já preparadas, envolvendo marcas como BMW e Vauxhall/Opel. Estimativas iniciais apontam que as indenizações podem somar até 6 bilhões de libras esterlinas (aproximadamente R$ 38 bilhões).
Argumentos das montadoras
As empresas negam qualquer irregularidade. Segundo a defesa, os sistemas de controle de emissões alteram seu funcionamento por motivos técnicos e de segurança, não para fraudar testes. A Renault declarou que os autores estariam sendo influenciados pelo “efeito Volkswagen” e que a situação atual não se compara ao escândalo de 2015.
De acordo com os fabricantes, a calibração necessária para reduzir o NOx poderia elevar outros poluentes ou comprometer a durabilidade dos componentes.

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Contexto do dieselgate
O processo em Londres reacende o debate gerado em 2015, quando a Volkswagen admitiu ter instalado software ilegal em veículos a diesel, episódio que resultou em mais de 32 bilhões de euros (R$ 184 bilhões) pagos em multas, indenizações e recalls no mundo todo. A montadora alemã foi condenada pelo mesmo Tribunal Superior em 2020 e encerrou o litígio em 2022, sem reconhecer culpa.
Nos Estados Unidos e na União Europeia, investigações semelhantes já levaram a acordos bilionários e penalidades contra diversas fabricantes, reforçando a vigilância sobre o setor automotivo.
Com informações de iG Carros