O Salão do Automóvel 2025, realizado no Distrito Anhembi, em São Paulo, marcou a primeira edição na qual marcas chinesas e suas parcerias internacionais assumiram o protagonismo do evento, enquanto fabricantes tradicionais optaram por não participar.
China colhe duas décadas de investimento em eletrificação
Os estandes comandados por BYD, SAIC, GWM e Changan mostraram o resultado de cerca de 20 anos de investimento chinês em baterias, semicondutores automotivos e plataformas elétricas modulares. Esse esforço garantiu escala de produção, domínio da cadeia de suprimentos e capacidade financeira que hoje colocam essas empresas no mesmo nível de montadoras centenárias.
Três frentes, um objetivo
MG Motor — Fundada em 1924 no Reino Unido, a marca renasceu sob o controle da SAIC. O portfólio combina design europeu com engenharia chinesa para oferecer modelos competitivos a custos menores.
Denza — Fruto da joint venture entre Mercedes-Benz e BYD, a marca apresentou no salão o utilitário esportivo Denza B5 e o shooting brake Z9 GT, posicionando-se como rival direta de BMW e Audi no segmento premium elétrico.
Caoa Changan — A parceria entre a brasileira CAOA e a chinesa Changan mostrou o Avatr 012. A aliança une a tecnologia da montadora asiática à estrutura industrial local, abrindo caminho para futura produção nacional.
Ausência de gigantes tradicionais
Volkswagen, General Motors, Nissan, Ford e Audi ficaram de fora da feira. Segundo representantes do setor, três motivos nortearam a decisão:

Imagem: estes e pelo universo automotivo
1) Dificuldades na transição para veículos elétricos, com plataformas atrasadas e custos elevados de bateria, enquanto as chinesas já controlam toda a cadeia.
2) Redefinição de prioridades diante da crise global, favorecendo lançamentos próprios e canais digitais em vez de grandes feiras.
3) Estratégia de evitar comparações diretas com modelos chineses, que hoje oferecem preço, autonomia e conectividade mais competitivos no mercado brasileiro.
Evento espelha nova configuração do mercado
Com menos nostalgia e mais tecnologia, o Salão 2025 apresentou uma indústria voltada a mobilidade elétrica, conectada e de rápida evolução. A forte presença chinesa sinaliza que o Brasil tornou-se laboratório estratégico para expansão global dessas montadoras, que ampliam redes de concessionárias e preparam novas linhas de montagem no país.
O salão encerrou-se reforçando a impressão de que a liderança no segmento elétrico, pelo menos por ora, tem sotaque chinês.
Com informações de Portal iG