Tóquio – Dois anos após iniciar as vendas de carros elétricos no Japão, a chinesa BYD promove cortes de preços inéditos para evitar o fechamento de suas 45 concessionárias no país. Entre janeiro de 2023 e junho de 2025, a marca comercializou apenas 5.300 veículos, média de nove unidades por loja a cada mês.
Descontos chegam a ¥1 milhão
Para tentar reverter o quadro, a empresa oferece abatimentos que alcançam ¥1 milhão (cerca de R$ 33 mil). Somados aos subsídios governamentais, os incentivos podem reduzir em até 50% o valor do utilitário esportivo elétrico Atto 3, cujo preço de tabela parte de ¥4,2 milhões.
Estratégia contraria hábitos do mercado local
Reduções agressivas de preço são incomuns no setor automotivo japonês e, segundo analistas, podem desagradar clientes que pagaram mais caro anteriormente, além de pressionar os valores de revenda — fator valorizado pelos consumidores locais. A mesma política de descontos já havia gerado controvérsia na China.
Preferência por híbridos dificulta avanço dos elétricos
No Japão, modelos híbridos dominam o mercado, o que limita a popularização de elétricos puros vindos do exterior. Em junho, a BYD emplacou 512 unidades, enquanto o Nissan Sakura, elétrico mais vendido do país, registrou 1.137 exemplares.
Mercado fechado a marcas estrangeiras
A forte presença de fabricantes locais, como Toyota, Nissan e Honda, já levou outras montadoras globais a recuar. A General Motors encerrou a atuação da marca Saturn e a Hyundai deixou o país em 2009, preparando agora um retorno gradual.
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Imagem vale mais que lucro imediato
Apesar dos prejuízos operacionais, a BYD considera o Japão estratégico para consolidar reputação. Especialistas avaliam que conquistar mesmo uma pequena parcela do público japonês — reconhecido pela exigência com qualidade — pode servir como credencial para a expansão global da marca.
A concorrência, porém, deve se intensificar. A Honda lançou recentemente seu primeiro compacto elétrico, e Toyota e Suzuki planejam apresentar um mini EV ainda este ano. Para a BYD, o maior desafio continua sendo ganhar a confiança de consumidores tradicionalmente fiéis às marcas nacionais.
Com informações de Notícias Automotivas