A montadora chinesa BYD inaugurou nesta quinta-feira (9) seu primeiro complexo industrial no Brasil, em Camaçari (BA). Com aporte de R$ 5,5 bilhões, a unidade inicia operações com capacidade para produzir 150 mil veículos por ano.
Autoridades presentes
A cerimônia contou com a participação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, do vice-presidente Geraldo Alckmin e do presidente global da BYD, Wang Chuanfu.
Estrutura e empregos
Instalado no terreno que abrigava a antiga fábrica da Ford, desativada em 2021, o polo ocupa 4,6 milhões de m² – área equivalente a 645 campos de futebol. A construção foi concluída em 15 meses e reúne três frentes: montagem de automóveis híbridos e elétricos, produção de caminhões e chassis de ônibus, além do processamento de insumos para baterias de lítio e ferro-fosfato.
Com incentivos fiscais válidos até 2032 concedidos pelo governo baiano, o projeto deve criar até 20 mil empregos diretos e indiretos. A companhia afirma que dará prioridade a trabalhadores e fornecedores da região e planeja instalar um centro de pesquisa e desenvolvimento em Salvador.
Modelos produzidos
O primeiro veículo a sair da linha de montagem é o Dolphin Mini, elétrico mais vendido do país, com mais de 34 mil unidades comercializadas. Também estão confirmados os híbridos Song Pro (GL/GS) e King (GL/GS).
Inicialmente, a produção ocorrerá no sistema SKD (Semi Knocked-Down) e, gradualmente, avançará para processos completos de estampagem, soldagem e pintura, ampliando o conteúdo nacional. O complexo será responsável ainda pelo desenvolvimento do motor híbrido flex 1.5 DM-i, apto a utilizar gasolina e etanol.

Imagem: Internet
Tecnologia e fornecedores
O prédio principal, com 156,8 mil m², está entre os maiores da América Latina dedicados a veículos elétricos. A linha utiliza robôs na instalação de vidros e fixação de baterias, além de um sistema inteligente que ajusta a produção em tempo real. A companhia homologou 106 fornecedores brasileiros e diz manter o nível de ruído interno abaixo de 70 decibéis graças a tecnologia de fricção silenciosa.
Ação trabalhista em andamento
A inauguração ocorre meses após o Ministério Público do Trabalho ter ajuizado ação contra a BYD e duas terceirizadas por denúncias de trabalho análogo à escravidão durante a construção da planta. O processo, distribuído à 5ª Vara do Trabalho de Camaçari, aponta que cerca de 220 trabalhadores chineses teriam sido submetidos a jornadas exaustivas, alojamentos precários e retenção de passaportes.
O MPT pede R$ 257 milhões em indenização por danos morais coletivos, além de compensações individuais. Em nota, a BYD reiterou “compromisso inegociável com os direitos humanos e trabalhistas” e afirmou colaborar com as investigações.
Com informações de iG Carros