O Ministério Público do Estado de São Paulo (MP-SP) e a Polícia Civil deflagraram na manhã desta sexta-feira (19) a Operação Cacique do Asfalto, em Itapecerica da Serra (SP), contra um esquema que legalizava reboques e semirreboques roubados ou com restrições judiciais. A Justiça determinou o bloqueio e o sequestro de bens avaliados em R$ 5,8 milhões, além do cumprimento de mandados de busca e apreensão contra duas empresas e quatro pessoas físicas.
Esquema usava chassis oficiais
De acordo com o Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), uma fabricante de implementos rodoviários da cidade recebia da Secretaria Nacional de Trânsito (Senatran) séries de chassis destinadas à produção de veículos novos. Em vez de fabricar equipamentos inéditos, os investigados empregavam esses números para registrar reboques de origem ilícita, que ganhavam documentos e placas como se tivessem saído de fábrica.
Para dificultar a identificação, sinais originais — como gravações de chassi, plaquetas e numeração de eixos — eram suprimidos ou adulterados antes da comercialização.
Irregularidades flagradas em cinco estados
A fraude começou a ser descoberta após fiscalizações da Polícia Rodoviária Federal (PRF) em rodovias de cinco estados. Agentes identificaram reboques registrados como “fabricação própria” da mesma empresa, mas com evidentes sinais de uso anterior e características técnicas incompatíveis com os documentos. Perícias revelaram, inclusive, que alguns equipamentos haviam sido produzidos por outras marcas do setor.
Em certas abordagens, um mesmo semirreboque apareceu com mais de uma placa ao longo do tempo, indício de sucessivas adulterações. As informações levaram os investigadores a concluir que o grupo atuava de forma interestadual.
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Suspeita de lavagem de dinheiro
Além da falsificação de documentos, o MP-SP apura suspeitas de lavagem de dinheiro e organização criminosa. Relatórios financeiros mostram movimentações bancárias consideradas incompatíveis com a renda declarada pelos envolvidos. O líder do esquema, dois filhos e outra pessoa são alvos das medidas judiciais; alguns deles já têm antecedentes por diversos crimes.
Documentos fiscais, registros contábeis e dispositivos eletrônicos apreendidos serão analisados para mensurar quantos veículos foram “esquentados” e identificar possíveis ramificações no mercado de transporte rodoviário. As investigações prosseguem e novas ações não estão descartadas.
Com informações de ig Carros