Turim (29) – Uma nota manuscrita datada de 1998, atribuída a Gianni Agnelli, veio a público nesta segunda-feira e voltou a colocar em xeque a divisão acionária da holding Dicembre, que controla a Ferrari e detém participação estratégica na Stellantis. O documento foi apresentado em tribunal por Margherita Agnelli, mãe de John Elkann, atual presidente das duas montadoras.
A peça judicial surge duas décadas após a morte de Gianni Agnelli e ameaça reabrir o acordo de 2004 que consolidou Elkann no comando dos negócios da família. Segundo a agência Reuters, a disputa movimenta valores na casa dos bilhões de euros e pode alterar o equilíbrio societário de Ferrari e Stellantis.
Argumentos das partes
Advogados de Elkann sustentam que a nota não possui validade legal e que o pacto fechado em 2004 permanece intocado. Eles afirmam que o documento foi usado apenas em um processo criminal já arquivado e, portanto, não interfere na herança.
Já a defesa de Margherita Agnelli alega que 25% da Dicembre deveria ter sido destinado a Edoardo, filho de Gianni Agnelli falecido em 2000. Por essa interpretação, a parcela caberia agora a Margherita e aos filhos de seu segundo casamento, o que lhes garantiria maior poder sobre os ativos da família.
Riscos para as montadoras
Ferrari e Stellantis são considerados os investimentos mais sensíveis da Exor, holding que reúne as aplicações da família Agnelli. Qualquer alteração na divisão da Dicembre pode:
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- provocar disputa por assentos no conselho da Ferrari;
- gerar instabilidade nas decisões estratégicas da Stellantis, que controla marcas como Fiat, Jeep e Peugeot;
- aumentar a cautela de investidores, já que a Exor é peça-chave do setor automotivo europeu.
Até o momento, não há previsão de julgamento final, mas o caso volta a atrair atenção do mercado por seu potencial de mexer na governança de duas das principais fabricantes de veículos do mundo.
Com informações de carros.ig.com.br